Estamos na era da disrupção de mercados, transformação rápida e mudanças de modelos de negócios. Saber o que está acontecendo e estar atento a essas transformações é necessário para manter um negócio crescendo de maneira sustentável e garantir que ele vai prosperar nos próximos anos.
Nesse post vamos mostrar algumas similaridades do Brasil com outros países e as movimentações que estão acontecendo aqui e no exterior. Que tipo de transformações essas movimentações podem trazer para o mercado? O Brasil está caminhando no desenvolvimento e nacionalização da Banda Larga e países mais desenvolvidos já percorreram esse caminho. Olhar esses mercados vai ajudar os provedores a entender o que fazer e o que não fazer nesse cenário.
Os Estados Unidos, por exemplo, é um país que conta com um mercado de provedores parecido com o brasileiro. Atualmente, existem apenas nove empresas nacionais, 51 macrorregionais e mais de 2,5 mil ISPs distribuídos nos 50 estados americanos – e cada um atende apenas a um estado específico. A distribuição da tecnologia também é similar, já que a DSL e o cabo são maioria e atendem 90% da população, enquanto a fibra óptica só está disponível para 25% dos americanos. Mesmo com dados muito próximos do panorama da banda larga brasileira, os EUA saem na frente quando o foco é projeto mobile: o país é líder no consumo de dados com essa tecnologia e a cobertura é de praticamente toda a população.
Dizer que os EUA é referência em alguma área da tecnologia não é novidade, mas sabia que os projetos mobiles de conexão não são mais exclusividade dos mercados desenvolvidos? A indiana Jio que também estava inserida em um mercado cujas tecnologias 3G e 4G são muito caras, conseguiu modificar esse cenário por meio de um projeto de gestão com foco em mobile e outros serviços adicionais, como voz, aplicativos de notícia, TV, música e conteúdo.
Quem é a Jio, afinal?
A Jio é uma empresa subsidiária da Reliance Industries que comprou uma participação de 96% das Infotel Broadband Services Limited em 2010. Na época, a Reliance foi a única empresa na Índia a ganhar o espectro de banda larga no leilão 4G que ocorreu no país. Houve várias tentativas de barrar a Jio, mas em 2016, a empresa passou a ser a única organização a operar voz sobre LTE no país.
A entrada da Jio no mercado como operadora de redes LTE acabou causando uma transformação radical no mercado, já que, com o projeto com foco no mobile a preços mais competitivos, possibilitou que os dados mobiles crescessem em 9% em menos de um ano.
O que teve de diferente no projeto mobile da Jio?
Pacotes com preços acessíveis
A Jio entrou no mercado com valores 95% mais baratos que as operadoras concorrentes. No entanto, colocar em prática esse projeto mobile só foi possível devido às políticas do governo indiano cujo foco era digitalizar transações e serviços. Por meio desse programa, criou-se o Banco para todos – onde cada cidadão tinha acesso a uma conta bancária – e também o projeto Índia Digital – quando foi fomentado em 2015 o acesso nacional à internet de alta velocidade.
Diante deste contexto, é fácil perceber que a Jio estava inserida em um ecossistema estável e favorável para investir em um projeto mobile inovador e que aumentasse os retornos a investimentos no país.
Em menos de um ano, o projeto mobile da Jio modificou completamente o mercado indicado, pois além do aumento de 9% no consumo de dados via smartphones e tablets, trabalhando com apenas 5% do valor das demais operadoras, obrigou as concorrentes a reduzir seus planos em quase 50%. A competitividade fomentou a expansão do mercado com um aumento de 44% no número de assinantes em apenas seis meses. Esse impacto foi ainda maior nos ISPs que contavam com menor capacidade financeira para promover uma mudança de preços tão radical.
Melhoria na infraestrutura
Além do plano de digitalização das transações e serviços, o governo indiano também lançou um plano para que toda população tivesse acesso à eletricidade até 2019. Essas mudanças melhoram a infraestrutura do país e também contribuíram para o plano mobile disruptivo da Jio.
Fomento ao empreendedorismo
O governo também lançou programas de capacitação com meta de treinar 10 milhões de jovens por ano. Por meio deste projeto, passou a oferecer financiamento e consultorias para novas empresas. Em 2017, também realizou uma reforma tributária, unificando impostos para facilitar as transações e evitar a dupla tributação para consumidores.
É claro que a Jio estava diante de um cenário muito favorável e com apoio das políticas públicas, no entanto, apenas isso não é suficiente para ganhar destaque e crescer da forma que o provedor indiano cresceu. É necessário uma gestão eficaz, espírito empreendedor e saber enxergar e aproveitar as oportunidades de negócio.
E como anda o cenário brasileiro nesse sentido?
Por aqui, o Brasil já vem sentindo alguns movimentos dessa tendência. Regulamentadas desde 2010, as MVNOs (mobile virtual network operators) ou “miniteles” começaram a ganhar mais força recentemente. Trata-se de pequenas empresas que alugam a estrutura de grandes operadoras para oferecer serviços de voz e dados mobile, bem direcionados a nichos. Elas prometem um atendimento mais descomplicado e personificado para quem está cansado da burocracia das grandes.
O avanço desse tipo de empresa está muito ligada ao momento econômico e tecnológico do Brasil. Existe muito espaço para crescer em mobile no país e as pessoas estão consumindo cada vez mais dados nessa tecnologia. Além disso, o incentivo e a abertura das grandes operadoras ao compartilhamento de infraestrutura vem crescendo. O compartilhamento gera benefício para a operadora detentora da rede, que consegue uma maior rentabilidade no seu investimento, e facilita para quem quer prover o serviço mas não tem possibilidade em fazer o investimento em uma rede própria.
Além disso, é necessário manter um monitoramento constante sobre o desenvolvimento de Leis e Políticas Públicas. Elas são fatores determinantes no desenvolvimento do cenário econômico em qualquer país e quando analisamos casos como o que aconteceu na Índia recentemente, isso fica ainda mais evidente. Um exemplo é a Nova Lei Geral das Telecomunicações, que vai transformar o mercado brasileiro, gerando oportunidades e ameaças para os provedores regionais.
Quer saber mais sobre inovação e fontes de financiamento para se arriscar em um projeto mobile? Acesse: Inovações e fontes de financiamento para provedores regionais.