De IPv4 para IPv6: o que é e quais os impactos no seu provedor

Certamente, você, provedor de internet, já ouviu falar dos protocolos IPv4 e, principalmente, IPv6, já que esse é um assunto que vem se disseminando cada vez mais na internet. Mas o que significam essas siglas e como elas afetam o seu negócio? E seus usuários?

O mundo inteiro está passando por um processo de migração do protocolo IPv4 para o IPv6. O primeiro já não é mais capaz de suportar as necessidades do mercado de internet atual. Diversos provedores sequer encontram blocos de protocolos IPv4 para oferecer aos seus clientes.

Neste artigo, você vai entender melhor sobre esses protocolos e porque a migração é importante. Acompanhe!

O que é IP?

Primeiro devemos saber o que é a sigla IP. Internet Protocol (IP) é um endereço utilizado para identificar um dispositivo conectado à rede. Todo o acesso a sites, jogos e aplicativos conectados à internet fazem uso deste endereço para se comunicar e trocar informações. Este endereço é composto por uma quantidade de bits que gera um valor (um número) que o identifica e que deve ser único em toda rede. 

Para ter acesso a esses números de protocolos, os provedores precisam solicitar junto às organizações responsáveis pela distribuição, no caso do Brasil é a NicBR. O problema é que não há mais protocolos IPv4 disponíveis para distribuição e quem tem alguns blocos deste protocolo está tendo que fazer a reutilização dos números, fazendo com que mais de um cliente utilize o mesmo endereço. 

Assim, foi criado o IPv6, com o objetivo de atender a todos os usuários que utilizam o IPv6 e os novos que ainda vão surgir. Entenda melhor sobre o assunto a seguir. 

O que são os protocolos IPv4 e IPv6?

IPv4

O protocolo IPv4 é o padrão pelo qual a internet funciona desde a sua criação, e significa Internet Protocol version 4, ou seja, a quarta versão do sistema. O IPv4 possui endereçamento de 32 bits, e sustenta aproximadamente 4 bilhões de combinações de endereços IPs no mundo todo. 

O IPV4 foi criado na década de 1970, uma época em que a internet não havia sido pensada para ser o que é hoje. O objetivo era conectar faculdades e organizações para trocar informações. Não imaginavam que todas as pessoas no mundo poderiam conectar diferentes dispositivos à rede de internet. Da forma que está hoje, o IPv4 está limitando o crescimento da internet.

Por isso, os provedores precisam migrar para o IPv6: a versão anterior não sustenta mais a demanda de internet global. Com cada vez mais pessoas e gadgets conectados, não há como continuar com essa quantidade de combinações.

Quando o IPV6 estiver amplamente implementado, o IPV4 vai se tornar um protocolo legado. Ou seja, será mantido apenas para o caso de alguém precisar acessar um sistema muito antigo, que por algum motivo não migrou para o IPV6.

IPv6

O IPv6 é a sexta revisão dos protocolos e também o sucessor do IPv4, atuando em 128 bits. Isso significa que esse sistema suporta em torno de 340 undecilhões de endereços, um número muito maior do que os 4 bilhões atuais do IPv4. Além disso, o IPv6 corrige alguns mecanismos do IPv4, como, por exemplo, o IP Security, que agora fornece funcionalidades de criptografia e pacotes que garantem autenticidade, integridade e confidencialidade. Mas isso não quer dizer que o IPv4 não seja seguro, já que temos à disposição firewalls e outros dispositivos de segurança bem implementados).

Entenda melhor sobre as diferenças entre os protocolos IPv4 e IPv6 neste artigo.

Impacto em provedores

O IPv6 foi proposto já em 1998, mas somente agora está sendo implantado de maneira mais abrangente. Há alguns anos, portanto, o IPv6 está em teste, substituindo o seu antecessor, mas ambos ainda funcionam simultaneamente. 

Também não se sabe o quanto vai demorar para que o IPv4 seja substituído completamente, mas o fato é que provedores que atuam com esse protocolo não precisam se preocupar no momento. Inclusive, os equipamentos mais recentes são compatíveis com o novo protocolo. Equipamentos antigos, não compatíveis, eventualmente deverão ser substituídos.

O maior problema que os provedores enfrentam hoje é a falta de protocolos IPv4 disponíveis. Com isso, acabam utilizando um único número de protocolo para diferentes clientes e utilizando o protocolo NAT para fazer uma redistribuição. Alguns provedores chegam a usar CGNAT (duas camadas de NAT) para fazer a distribuição. 

O maior problema dessa estratégia é que ela pode prejudicar a comunicação dos equipamentos, impedindo que o serviço funcione adequadamente. Além disso, os provedores precisam atender às metas da Anatel para atualizarem seus sistemas e operarem com o novo protocolo.

Como vai ser a migração do IPv4 para o IPv6

O processo de migração será bem simples e sem impactos para os provedores. Todas as ONUs já contam com os dois protocolos, por isso é possível fazer a comunicação entre pontos diferentes, com endereço de origem IPv4 e de destino IPv6 ou vice-versa. Os provedores que estão atualizados com o protocolo IPv6 podem ativar o IPv4 para fazer a comunicação com os pontos que se comunicam apenas com esse protocolo. Quem ainda utiliza o IPv4, também pode ativar o IPv6 para se comunicar com ambos protocolos.

Os provedores devem seguir assim, utilizando os dois protocolos, até que todos os pontos estejam se comunicando apenas com o protocolo IPv6. Nesse momento, o IPv4 será desligado, permanecendo apenas como um legado.

Atualmente, para montar um provedor de internet, a NicBR já libera um bloco de protocolos IPv6, com diversos números, suficientes para a operação do provedor.

Usuários finais e outros segmentos

Os usuários finais também podem ficar tranquilos. Os novos sistemas operacionais tanto de computadores quanto dispositivos móveis já contam com o IPv6. Talvez, mais à frente, os roteadores precisem ser substituídos, mas ainda não há previsão de quando, como já falamos acima.

No entanto, os clientes dos provedores menores terão um serviço melhor, pois não terão mais que compartilhar seus protocolos com outros clientes. Isso vai tornar a conexão entre os aparelhos muito mais rápida e sem falhas. Porém, pouco será percebido pelo cliente nesse sentido.

Como os clientes não têm informações técnicas sobre os processos, quando uma falha operacional acontece, o consumidor não é capaz de identificar o que motivou a falha. Apenas verá que o serviço contratado tem maior qualidade e estabilidade. 

Os maiores beneficiados serão os provedores, que vão conseguir atender seus clientes com processos mais simples, ágeis e eficientes. 

Outros segmentos afetados por essa mudança de protocolos, além dos provedores de telecomunicações, são provedores de conteúdos, de aplicações e de serviços, por exemplo: servidores de hospedagem, websites, provedores de e-mail, e-commerces, serviços bancários e governo.

Você conseguiu entender o que é o IPv6? Está preparado para a migração ou ainda tem dúvidas sobre como vai acontecer e o que precisa fazer para se preparar?

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